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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

A line allows progress, a circle does not

Não sei bem por onde começar esse post. Queria dizer que voltei, mas com exceção do meu antigo blog eu nunca saí daqui. Algumas coisas mudaram (bastante, diga-se de passagem), outras não mudam nunca.

Destruí meu cabelo algumas vezes, na esperança de que se mudasse alguma coisa na minha aparência também mudaria como eu me sinto. Comecei a namorar. Engordei. Emagreci. O corpo parece que só aumenta. Larguei o curso, larguei a faculdade. Voltei a trabalhar. Parei de trabalhar. Comecei a trabalhar de novo, mas não vou na frequência que deveria.

Eu tentei ficar bem por um tempo. Por bem entende-se que eu simplesmente comia e fingia não sentir culpa. Fake it til you make it, é o que dizem. Não funcionou. Já fazia alguns breves jejuns, de 13~17 horas. Então voltei aos poucos pra jejuns mais longos. Contar calorias. Me pesar todos os dias, pelo menos cinco vezes ao dia. Pesar tudo que eu consumo. Medir cada milímetro de água que bebo.
E aí minha amiga morreu.

Eu já perdi vários amigos e, não me entendam mal, sofri muito por todos. Mas a morte dessa amiga em especial foi o empurrãozinho que faltava. Em 2017 perdi 5 amigos, que já é o suficiente pra uma vida inteira quando se tem 23 anos. Com ela foi diferente porque era mais especial? Todos eram especiais de uma maneira diferente. Mas nossa história era parecida. Desde os relacionamentos conturbados, sexualidade confusa e abusos sexuais. E principalmente nosso transtorno alimentar e como nossas famílias lidaram com isso.
Milena era como se fosse eu em outro corpo. E eu sabia que ela precisava de um cuidado especial porque eu precisava de um cuidado especial. Mas eu não sabia o que fazer.
E quando ela "ficou bem", ela se tornou minha fonte de esperança. Eu me apeguei àquilo como nunca havia me apegado a algo antes. Ela se formou depois de 7 anos num vai e vem no curso? Eu também consigo. Ficou noiva depois de todos os relacionamentos fodidos que teve? Se ela pode eu também posso. Superou o transtorno alimentar e consegue sair com os amigos, sem ligar pra micro calorias? É isso que eu quero.
E aí em uma belíssima madrugada, pouco antes de ir dormir, recebo a notícia. Nada daquilo era real.
Milena se matou. Não quis saber como. Não precisava disso. Mas ela planejou tudo, nos mínimos detalhes. Não se despediu de ninguém. Só foi.
Ou se despediu, do jeito dela. Aos poucos.
Ninguém notou.

Bom. Eu fiquei aqui. Sem esperança.
E agora o que me resta é focar na única coisa que consegui manter durante tanto tempo: minha obsessão pelo meu corpo.

Me desculpem pelo texto bobo. Senti necessidade de falar.

Amanhã tenho alguns exames. Tenho retorno na dermatologista em cerca de 30 dias e espero estar com a pele um pouco melhor até lá. Tive um breakout horroroso por causa da maldita Vitamina B12 que fui obrigada a suplementar (mal e porcamente, porque abandonei depois que começaram as espinhas). Tenho também uma ultrassonografia, pra ver se as espinhas também podem ser influência de SOP.

Pretendo voltar a fazer "academia" na segunda feira, quando voltar pra outra casa. Começo hoje um desafio que bolei com algumas amigas também. Espero que dê tudo certo.
Amanhã posto melhor sobre ele, mesmo não tendo ninguém pra ler. É bom ter registro dessas coisas.

Foi bom voltar. Acho que vai me fazer bem.

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